Resultados de campanha de travessia na faixa causam polêmica
A campanha do novo sinal de trânsito que entrou em vigor em Porto Alegre em setembro de 2009 propõe uma reeducação no tem levantado várias polêmicas desde a sua implantação. Os questionamentos vão desde uma mudança ainda mais negativa dos motoristas, até uma maior vulnerabilidade dos pedestres.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre assegurou, no site do novo sinal, que a partir do início da campanha houve um decréscimo no número de acidentes. De 9 de setembro a 31 de dezembro de 2009, em comparação com idêntico período do ano anterior, a EPTC contabilizou uma redução de 4,5% no número de acidentes, representando uma queda de 7.907 para 7.551 ocorrências. De acordo com Coordenação de Informações e Estudos da EPTC, o balanço de um mês da campanha apontou uma queda de 20,44% nos atropelamentos, em comparação a setembro de 2008. Essa porcentagem representa 109 atropelamentos em 2009 contra 137 em 2008, uma diminuição percentual de 32,23% (2.203 para 1.493). O mesmo levantamento registra que o número de feridos diminuiu 15,65% (703 para 593).
Entretanto, o índice de maior interesse – as vítimas fatais – caiu apenas 6,67%, isto é, 15 para 14. A EPTC atribui esse resultado à nova campanha. Entre 9 de setembro a 10 de dezembro de 2009, as 6.153 ocorrências, representaram 7% do que se verificou em igual período de 2008. No global, a EPTC constatou um declínio de 17,08% no número de acidentes desde o início da campanha.
Confira os números:
No site do novo sinal, a comunicação social da prefeitura de Porto Alegre quantificou que em quatro meses da campanha, a EPTC revitalizou 1.570 faixas de pedestres. A empresa possui sete equipes de pintura. Segundo a prefeitura 1,7 mil faixas já foram revitalizadas até o momento e que grande parte foi graças ao apoio da população. A prefeitura registrou 1.031 ligações, pedindo implantação e repintura. Dessas 457 foram atendidas e 74 estão em análise. Segundo a prefeitura o site do novo sinal já recebeu 28 mil acessos, formalizando 119 solicitações com 93 atendimentos.
O novo sinal de trânsito começou em Brasília
em 1997 com o objetivo de alertar aos motoristas para o respeito à faixa de pedestres. Há mais de duas décadas a capital federal ficou reconhecida pelo respeito aos pedestres no trânsito. Porém, desde o início da campanha do novo sinal, o número de mortes na faixa de segurança aumentou. Segundo o Detran-DF, o contingente de vítimas em 2009 está entre as maiores dos últimos 13 anos. Somente no primeiro semestre de 2009 ocorreram seis mortes na faixa de pedestres, enquanto durante todo o ano anterior só houve oito.
Alexandre Garcia, comentarista da Rede Globo, ressaltou que, em Brasília, antes da implantação do novo sinal havia mais respeito pela faixa de pedestres. “Ultimamente têm havido mortes na faixa de pedestre, por coincidência depois que o Detran local inventou esse gesto (mão espalmada), que está sendo copiado por Porto Alegre, em que o pedestre pede licença para o motorista para usar a faixa. Isto pode estar promovendo aqui, uma mudança cultural negativa: o pedestre já não se sente dono da faixa porque precisa pedir licença para atravessar e o motorista é que vira poder concedente, transfere-se a soberania sobre a faixa do pedestre para o motorista”. No Bom Dia Brasil de novembro de 2009, Garcia relatou que numa imagem feita em Porto Alegre uma mãe com uma criança no colo e pacote nas mãos não teria como realizar o sinal. Ele também alertou que quem usa muletas também ficaria “sem o direito de atravessar na faixa”.
Outro questionamento sobre o novo sinal de trânsito é com relação a sua inconstitucionalidade. O Código Brasileiro de Trânsito determina que o motorista deve dar passagem ao pedestre que manifestar interesse em atravessar a rua ou que ainda não terminou o trajeto, incluindo gestantes, deficientes e idosos. Para a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Acessibilidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, qualquer medida que ajude o transeunte ajudará também aos portadores de deficiência porque eles terão mais tempo para atravessar a rua. Também foi ressaltado o benefício do sinal para gestantes, pessoas acima do peso e idosos, que necessitam de maior tempo de travessia. Em relação aos portadores de deficiência que não podem fazer o sinal, a Assessoria de Comunicação informa que há situações em que terceiros são solicitados e se dispõem a efetuar o sinal, bem como alertam o deficiente sobre o momento propício para a passagem.
Quando questionado sobre a eficiência do novo sinal, o coordenador da Assessoria de Trânsito da EPTC José Nilson Padilha declarou que a situação não poderia continuar, que alguma medida tinha que ser tomada. Além disso, esclareceu que o objetivo da iniciativa é estabelecer um sinal de comunicação entre o motorista e o transeunte. Segundo o coordenador, um dos direcionamentos da campanha é a prevenção de vítimas da terceira idade, uma vez que a maioria dos acidentes registrados na faixa de pedestre ocorre com pessoas com mais de 60 anos.
Padilha assinalou os resultados positivos da campanha. “Os motoristas estão um pouco mais antenados, estão respeitando mais o pedestre. O que está faltando é o pedestre fazer o sinal”. Também ressaltou que até então só houve um atropelamento em função do novo sinal, na Rua Barão do Amazonas, junto ao Colégio Santa Inês. A vítima foi uma mulher 41 anos que estava acompanhada da filha. As duas bateram com a cabeça e a mulher quebrou o punho esquerdo. O coordenador afirmou que não tem uma precisão numérica quanto ao número de pessoas que executam o sinal. “O que falta é o pedestre fazer o sinal com convicção”. Ele ressaltou que havia 6 mil faixas de pedestres antes da campanha, sendo que 50% estavam em bom estado, 20% regulares e 30% ruins. Até o momento, 2 mil já foram completamente recuperadas. Conforme o coordenador, já houve pedidos de 330 faixas novas, 75 já foram aprovados.
Padilha supõe que pela primeira vez uma campanha de trânsito ganhou tanto espaço na mídia. “A campanha conseguiu atingir todas as camadas da população”. No entanto, ele admite que um dos problemas sérios é o uso correto do sinal, que deve ser empregado onde há faixas de pedestres e não há sinaleira luminosa.
Para Janete Schneider, coordenadora de Inclusão Social da Secretaria da Acessibilidade, muitos carros param para os portadores de deficiência. Deficiente visual, a coordenadora respondeu que nunca usou o sinal. “A maior parte dos portadores de deficiência visual não usa, porque a bengala é um sinal visível para os motoristas”, explicou.
Matéria produzida pelas alunas Gabriela Guadagnin, Juliana de Gonzalez e Vanessa Pacheco, para a disciplina de Jornalismo Digital.
Professores orientadores: Dr. André Pase e Me. Marcelo Träsel.
Foto: Divulgação/PMPA
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre assegurou, no site do novo sinal, que a partir do início da campanha houve um decréscimo no número de acidentes. De 9 de setembro a 31 de dezembro de 2009, em comparação com idêntico período do ano anterior, a EPTC contabilizou uma redução de 4,5% no número de acidentes, representando uma queda de 7.907 para 7.551 ocorrências. De acordo com Coordenação de Informações e Estudos da EPTC, o balanço de um mês da campanha apontou uma queda de 20,44% nos atropelamentos, em comparação a setembro de 2008. Essa porcentagem representa 109 atropelamentos em 2009 contra 137 em 2008, uma diminuição percentual de 32,23% (2.203 para 1.493). O mesmo levantamento registra que o número de feridos diminuiu 15,65% (703 para 593).
Entretanto, o índice de maior interesse – as vítimas fatais – caiu apenas 6,67%, isto é, 15 para 14. A EPTC atribui esse resultado à nova campanha. Entre 9 de setembro a 10 de dezembro de 2009, as 6.153 ocorrências, representaram 7% do que se verificou em igual período de 2008. No global, a EPTC constatou um declínio de 17,08% no número de acidentes desde o início da campanha.
Confira os números:
No site do novo sinal, a comunicação social da prefeitura de Porto Alegre quantificou que em quatro meses da campanha, a EPTC revitalizou 1.570 faixas de pedestres. A empresa possui sete equipes de pintura. Segundo a prefeitura 1,7 mil faixas já foram revitalizadas até o momento e que grande parte foi graças ao apoio da população. A prefeitura registrou 1.031 ligações, pedindo implantação e repintura. Dessas 457 foram atendidas e 74 estão em análise. Segundo a prefeitura o site do novo sinal já recebeu 28 mil acessos, formalizando 119 solicitações com 93 atendimentos.
O novo sinal de trânsito começou em Brasília
em 1997 com o objetivo de alertar aos motoristas para o respeito à faixa de pedestres. Há mais de duas décadas a capital federal ficou reconhecida pelo respeito aos pedestres no trânsito. Porém, desde o início da campanha do novo sinal, o número de mortes na faixa de segurança aumentou. Segundo o Detran-DF, o contingente de vítimas em 2009 está entre as maiores dos últimos 13 anos. Somente no primeiro semestre de 2009 ocorreram seis mortes na faixa de pedestres, enquanto durante todo o ano anterior só houve oito.
Alexandre Garcia, comentarista da Rede Globo, ressaltou que, em Brasília, antes da implantação do novo sinal havia mais respeito pela faixa de pedestres. “Ultimamente têm havido mortes na faixa de pedestre, por coincidência depois que o Detran local inventou esse gesto (mão espalmada), que está sendo copiado por Porto Alegre, em que o pedestre pede licença para o motorista para usar a faixa. Isto pode estar promovendo aqui, uma mudança cultural negativa: o pedestre já não se sente dono da faixa porque precisa pedir licença para atravessar e o motorista é que vira poder concedente, transfere-se a soberania sobre a faixa do pedestre para o motorista”. No Bom Dia Brasil de novembro de 2009, Garcia relatou que numa imagem feita em Porto Alegre uma mãe com uma criança no colo e pacote nas mãos não teria como realizar o sinal. Ele também alertou que quem usa muletas também ficaria “sem o direito de atravessar na faixa”.
Outro questionamento sobre o novo sinal de trânsito é com relação a sua inconstitucionalidade. O Código Brasileiro de Trânsito determina que o motorista deve dar passagem ao pedestre que manifestar interesse em atravessar a rua ou que ainda não terminou o trajeto, incluindo gestantes, deficientes e idosos. Para a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Acessibilidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, qualquer medida que ajude o transeunte ajudará também aos portadores de deficiência porque eles terão mais tempo para atravessar a rua. Também foi ressaltado o benefício do sinal para gestantes, pessoas acima do peso e idosos, que necessitam de maior tempo de travessia. Em relação aos portadores de deficiência que não podem fazer o sinal, a Assessoria de Comunicação informa que há situações em que terceiros são solicitados e se dispõem a efetuar o sinal, bem como alertam o deficiente sobre o momento propício para a passagem.
Quando questionado sobre a eficiência do novo sinal, o coordenador da Assessoria de Trânsito da EPTC José Nilson Padilha declarou que a situação não poderia continuar, que alguma medida tinha que ser tomada. Além disso, esclareceu que o objetivo da iniciativa é estabelecer um sinal de comunicação entre o motorista e o transeunte. Segundo o coordenador, um dos direcionamentos da campanha é a prevenção de vítimas da terceira idade, uma vez que a maioria dos acidentes registrados na faixa de pedestre ocorre com pessoas com mais de 60 anos.
Padilha assinalou os resultados positivos da campanha. “Os motoristas estão um pouco mais antenados, estão respeitando mais o pedestre. O que está faltando é o pedestre fazer o sinal”. Também ressaltou que até então só houve um atropelamento em função do novo sinal, na Rua Barão do Amazonas, junto ao Colégio Santa Inês. A vítima foi uma mulher 41 anos que estava acompanhada da filha. As duas bateram com a cabeça e a mulher quebrou o punho esquerdo. O coordenador afirmou que não tem uma precisão numérica quanto ao número de pessoas que executam o sinal. “O que falta é o pedestre fazer o sinal com convicção”. Ele ressaltou que havia 6 mil faixas de pedestres antes da campanha, sendo que 50% estavam em bom estado, 20% regulares e 30% ruins. Até o momento, 2 mil já foram completamente recuperadas. Conforme o coordenador, já houve pedidos de 330 faixas novas, 75 já foram aprovados.
Padilha supõe que pela primeira vez uma campanha de trânsito ganhou tanto espaço na mídia. “A campanha conseguiu atingir todas as camadas da população”. No entanto, ele admite que um dos problemas sérios é o uso correto do sinal, que deve ser empregado onde há faixas de pedestres e não há sinaleira luminosa.
Para Janete Schneider, coordenadora de Inclusão Social da Secretaria da Acessibilidade, muitos carros param para os portadores de deficiência. Deficiente visual, a coordenadora respondeu que nunca usou o sinal. “A maior parte dos portadores de deficiência visual não usa, porque a bengala é um sinal visível para os motoristas”, explicou.
Matéria produzida pelas alunas Gabriela Guadagnin, Juliana de Gonzalez e Vanessa Pacheco, para a disciplina de Jornalismo Digital.
Professores orientadores: Dr. André Pase e Me. Marcelo Träsel.
Foto: Divulgação/PMPA
Na minha opinião eu acho que nem deveria existir este tipo de campanha e sim as pessoas já sairem educadas de casa... por que em Gramado, Canela, Ijuí e Brasília os motoristas param altomaticamente ao ver o pedestre na beira da faixa de segurança?
É apenas uma questão de educação!!!
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