quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Voluntários pintam "alertas" em faixas de segurança de Porto Alegre

Ação do Vida Urgente que reforça atenção do pedestre ao atravessar a rua foi apoiada e pode ser implementada pela EPTC.


Lembretes que reforçam a segurança na travessia foram pintados na noite da terça-feira no bairro Menino DeusFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
A cada cinco acidentes com morte no trânsito de Porto Alegre neste ano, dois tiveram pedestres como vítimas. Os números se traduzem, por exemplo, na ausência de Fátima dos Santos, 52 anos, atropelada na avenida João Pessoa, no último domingo; revelam-se na perda de Vera Lúcia Mincola, 62 anos, atingida por um carro, em julho, na Avenida Assis Brasil, e se acumulam nas estatísticas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC): de janeiro até o fim de agosto, foram 800 atropelamentos na Capital. Eles resultaram na morte de 35 pessoas.

Para reverter dados alarmantes como esses, voluntários da Fundação Thiago de Moares Gonzaga, o Vida Urgente, se debruçaram sobre uma faixa de segurança do bairro Menino Deus na noite da última terça-feira. Com tinta branca, pincelaram no asfalto avisos para os pedestres. De um lado da Rua Botafogo, reforçaram a segurança na travessia com um "olhe para a direita". Do outro, foi escrito "olhe para a esquerda". 

— Às vezes, estamos desatentos e acabamos não olhando para os lados, ou para o lado de onde vêm os carros. Essa é uma ação importante nesse sentido. Além de simples, acreditamos que ela salvará muitas vidas — acredita Diza Gonzaga, presidente do Vida Urgente.

Saiba mais:38% das mortes por atropelamento são causadas por ônibus na Capital
Campanha sobre respeito à faixa de segurança foi esquecida na Capital

A intervenção na faixa de segurança próxima à sede da fundação foi um teste que deve ser repetido na noite desta quarta-feira em outros cinco pontos da Capital. Na Semana Nacional do Trânsito, que se inicia nesta quinta-feira e tem como tema "Cidade para as pessoas: Proteção e Prioridade ao Pedestre", o objetivo é chamar a atenção da EPTC e de órgãos de trânsito de prefeituras para que a prática possa ser repetida em outras cidades brasileiras.

Se salvar uma única vida, a ação já terá cumprido o seu papel. É como avalia Clóvis Rodrigues que, há cinco anos, perdeu sua única filha. Mariana, 11 anos, desembarcava de um coletivo, na volta da escola, quando foi surpreendida pela gentileza de um motorista que parou para deixá-la atravessar a rua. Foi atingida, no entanto, por outro, que vinha em alta velocidade. A menina morreu quase na porta de casa.

— Eu já tive a infelicidade de perder uma filha por atropelamento. Então tenho certeza de que ações como essa são fundamentais. Quando você caminha na rua, você acaba olhando muito para o chão. As inscrições nas faixas serão vistas e servirão como um reforço, para que se olhe mais uma vez para os lados antes de atravessar. Se conseguirmos com isso salvar uma vida, já terá valido todo o esforço — afirma Clóvis Rodrigues.

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Porto Alegre viu a atitude do Vida Urgente com bons olhos. De acordo a EPTC, a ação é "bem-vinda e será apoiada", pois visa reduzir a acidentalidade com pedestres. A empresa afirmou que vai avaliar a possibilidade de expandir a pintura para faixas de outros pontos da Capital, mas alertou: é necessário a autorização prévia da empresa para implantar qualquer tipo de sinalização na via pública.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Cinco anos da mãozinha e se colocar a mão fica sem ela pois vai grudada no para-brisa de algum veículo!

Campanha sobre respeito à faixa de segurança foi esquecida em Porto Alegre.

Com queda nas multas, fim do site e das ações de conscientização, EPTC diz que faz ações pontuais, mas pedestres abandonaram o sinal para fazer carros pararem.


Você se lembra do "sinal da mãozinha"? Em 2009, a prefeitura de Porto Alegre lançou a Campanha do Novo Sinal, para pôr fim ao desrespeito generalizado à faixa de segurança. Bastaria estender a mão para atravessar em faixas de segurança onde não há semáforo.
Cinco anos depois, a EPTC deixou de lado as campanhas publicitárias e os adesivos distribuídos para os carros. O hotsite que ajudava na conscientização saiu do ar. O número de multas caiu, mas a vida dos pedestres — que abandonaram o sinal — segue difícil.
Em apenas duas horas, na última sexta-feira, a reportagem foi testemunha de dezenas de infrações na região central de Porto Alegre. Nem quase em frente a um prédio da EPTC, na Rua Alcides de Oliveira Gomes, perto da esquina com a Avenida Erico Verissimo, os motoristas respeitam a faixa: diminuir a velocidade ou aguardar o pedestre concluir a travessia é ato raro. 


Quem anda a pé, muitas vezes, também ignora a faixa. Na esquina da Rua Ramiro Barcelos com a Ipiranga, quase a metade dos pedestres atravessava perto da esquina, desrespeitando o Código de Trânsito Brasileiro (é obrigatório atravessar a rua na faixa se ela estiver a menos de 50 metros, como era o caso no local).
Mesmo assim, seguir a lei é difícil, como comprova, na foto abaixo, a arquiteta Luciana Hettwer, 30 anos. Para atravessar a Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Rua Barbedo, desviou de um carro parado sobre a faixa e depois sinalizou para completar a travessia. O motorista que ingressava na Barbedo não lhe deu vez.
Quem caminha pela cidade deixou a mãozinha de lado pela falta de reforço do poder público. O espanhol Gonzalo Duran, 50 anos, oito deles vivendo no Brasil, membro de um grupo no Facebook chamado Ativismo Pedestre, é defensor da ideia:
— As pessoas não interiorizaram o uso da mãozinha. A campanha é um fracasso. Eu uso a mão, e funciona. Como o pedestre fica escanteado, ele faz travessias erradas. Não usa a mão ou o braço porque é cada um por si — analisa, defendendo uma postura mais ativa dos pedestres.

Veículos passam sobre a faixa sem aguardar que o pedestre conclua a travessia, em frente à EPTC
Foto: Ricardo Duarte, Agência RBS 
Em entrevista a Zero Hora em 2011, quando a Campanha do Novo Sinal completou dois anos, Vanderlei Cappellari, diretor-presidente do órgão, afirmou que o órgão havia intensificado, desde 2010, as multas a quem desrespeita o sinal. À época, afirmou que a meta era chegar ao fim daquele ano "com o reconhecimento de que o pedestre é respeitado na cidade". Três anos depois, reconhece:
— Não atingimos esse objetivo. Temos um bom percentual de motoristas que dão a preferência ao pedestre, mas tem motoristas ainda que não o fazem. É um processo continuado.
Motoristas deixam de dar preferência a pedestre idosa, em faixa de segurança da Avenida Getúlio Vargas
Foto: Ricardo Duarte, Agência RBS 
 

O hotsite da campanha saiu do ar, segundo a assessoria de imprensa da EPTC, porque fazia parte da primeira fase do projeto. Cappellari nega que a campanha tenha acabado.
— Continuamos fazendo. Estamos em outra etapa, atuando pelo processo de educação de trânsito (em ações pontuais) e fiscalização. Motoristas que desrepeitam os pedestres nas faixas de segurança estão sendo multados diariamente. Os números são bem expressivos.
Veja algumas das infrações de trânsito que ZH registrou e a opinião de pedestres sobre a dificuldade em atravessar as ruas:

Ao contrário: entre 2011 a 2013, houve uma redução progressiva no número de autuações, de acordo com os dados da EPTC. Em 2011, em toda a Capital, foram 2.614 autuações por desrespeito ao pedestre e veículos não-motorizados — 7,16 por dia. Em 2013, foram para 807 — 2,21 motoristas por dia.
Os dados do primeiro semestre de 2014, no entanto, sinalizam uma mudança. Ao todo, as autuações somaram 662 até junho, uma média de 3,63 motoristas multados por dia. Se elas seguirem no mesmo ritmo, pode haver o primeiro aumento nas autuações nos últimos cinco anos.
Para atravessar usando a mãozinha, porém, o pedestre terá de lembrar do gesto espontaneamente: a campanha como vista em 2009, com adesivos, entrevistas e ações de comunicação, não tem previsão de volta.
O que os motoristas não podem fazer, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro
– Não esperar o fim da travessia do pedestre: Infração gravíssima, com multa de R$ 191,53 e perda de sete pontos na carteira de habilitação
– Não dar vez ao pedestre na faixa: Infração gravíssima, com multa de R$ 191,53 e perda de sete pontos na carteira de habilitação
– Não respeitar os pedestres nas conversões: Infração grave, com multa de 127,69 e perda de cinco pontos na carteira de habilitação
– Já o pedestre, para cruzar a pista de rolamento, deve tomar precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas — quando existir uma faixa de segurança em uma distância de até cinqüenta metros dele.
Fotos: Ricardo Duarte - Ricardo Duarte / Agencia RBS
http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/transito/noticia/2014/09/campanha-sobre-respeito-a-faixa-de-seguranca-foi-esquecida-em-porto-alegre-4594794.html


"Mãozinha" foi pintada perto de algumas faixas de segurança de PorFoto: Ricardo Duarte / Agencia RBS

domingo, 7 de setembro de 2014

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